Arquivo Público implanta no Cruzeiro primeira “Casa da Memória” do DF. Ideia é facilitar e ampliar acesso com relação ao passado de Brasília
Foi realizada na última terça-feira (27), no Espaço Cultural Rubem Valentim, do Cruzeiro, a cerimônia de lançamento oficial do programa Casa da memória, iniciativa do Arquivo Público em parceria com a administração regional da cidade. O evento contou com a presença do superintendente do órgão Gustavo Chauvet, do administrador do Cruzeiro, Antonio Sabino, além de servidores das duas instituições e alunos de duas escolas locais, que fizeram parte de programação educativa ao longo de todo o dia.
Considerado uma das cidades pioneiras do DF, constituídas entre os anos de 1958 e 1959, o Cruzeiro não foi escolhido como a primeira sede do projeto por acaso. “A cidade é um dos berços de Brasília tombada pela UNESCO há 25 anos. Fora isso, o Cruzeiro foi o único núcleo urbano previsto por Lúcio Costa, além do traçado dos dois eixos que consagraram a proposta de urbanização de Brasília”, salientou a Coordenadora de Pesquisa Cristiane Portela, encarregada do setor do ArPDF responsável pela ação.
Entre as metas que pretendem ser alcançadas com a implantação da Casa da memória, está a descentralização de demandas direcionadas ao Arquivo Público, como o recolhimento de documentos pessoais de interesse e aquisição de materiais bibliográficos com temática local. A expectativa do superintendente Gustavo Chauvet é que, no futuro, cada administração regional tenha sua Casa da memória. “O que queremos com essa iniciativa é dinamizar o acesso da comunidade ao ArPDF. Com a implantação dessas “casas” em cada RA do DF, ficará mais fácil para o pioneiro contar os casos, “causos”, histórias e recordações sobre suas cidades”, destacou.
Presidente de uma das escolas de sambas mais tradicionais de Brasília, a ARUC, Hélio dos Santos diz que a iniciativa do Arquivo Público vem coroar um desejo antigo da comunidade. “É um sonho que hoje se concretiza”, disse entusiasmado. “Desde 1976 que nós pioneiros temos mergulhados em pesquisas em busca de nossa identidade, esse espaço irá ajudar muito nesse sentido”, opinou.
Ação interativa – Antes da cerimônia de lançamento da ação, a equipe de Coordenação de Pesquisa do ArPDF promoveu uma série de atividades interativas envolvendo estudantes da 1ª, 5ª e 7ª série, que participaram de sessão de cinema e oficinas educativas na parte da manhã e da tarde. O tema era a história da cidade em que eles vivem e as impressões que cada um teria de Brasília.
Assim, munidos de lápis de cor, canetinhas, papéis e bastante imaginação, a garotada, tal qual um urbanista que foi Lucio Costa ou seguindo os passos já cansados de Oscar Niemeyer, rabiscaram na folha branca suas impressões da jovem capital. Alguns trabalhos impressionaram como os rabiscos psicodélicos do pequeno João Paulo, 11 anos, que deu sentido bem colorido ao Congresso.
“Maravilhosa essa iniciativa do ArPDF, deveria ter mais vezes porque é importante conhecermos nosso passado e não há melhor fase do que agora, nas bases”, elogiou o professor de Educação Física do CEF 01, do Cruzeiro, Edênio José A. Santos. “A gente trabalha essas temáticas em sala de aula, mas experiências como essa fora da escola são motivadoras, além de interativas”, fez coroa a colega Clébia Aguiar.