Uma das exposições no Arts and Culture traz os registros da “Estaca Zero, onde tudo Começou”
O Arquivo Público do Distrito Federal, órgão do GDF responsável pela guarda e preservação da memória de Brasília, assinou um acordo de Cooperação Técnica com ninguém menos que o Google, terceira empresa mais valiosa do mundo – avaliada em cerca US$ 458 bilhões – e uma das maiores empresas de serviços online e software dos Estados Unidos.
Eles lançaram, no último dia 11 de novembro, um conjunto de exposições virtuais denominada “Brasília, um sonho construído” em sua plataforma internacional de mostras de arte, história e cultura, chamada Google Arts & Culture.
Com um acervo que conta hoje com mais de oito milhões de itens, entre fotos, áudios, vídeos e textos, o ArPDF buscou preciosidades históricas para a oferecer 5 exposições virtuais, disruptivas, interativas, acessíveis e inusitadas para a população.
Durante cerca de um ano, um incessante processo de “garimpagem” foi feito em meio aos milhões de itens do acervo, e os servidores responsáveis tiveram a responsabilidade de recolher preciosidades ainda inexploradas, e que pudessem ser reveladas no lançamento do projeto.
O resultado não poderia ter sido melhor: centenas de fotos, documentos e filmes, além de fatos e curiosidades inéditos foram recolhidos sobre o planejamento, construção e inauguração da cidade.
“Trata-se de uma viagem cronológica virtual, multimídia e inclusiva (a exposição conta com transcrição auditiva), onde a população do mundo inteiro embarcará em uma máquina do tempo que a levará por uma viagem pelo Planalto Central, que se inicia em 1.892, e terminará com alguns dos eventos mais importantes (porém desconhecidos) da história recente do Distrito Federal”, adianta Rogério Amorim, Coordenador do Arquivo Permanente da Instituição.
Uma viagem no tempo
Em sua primeira exposição, intitulada “Comissões Cruls”, os internautas terão acesso a imagens, fatos e curiosidades sobre as primeiras incursões oficiais formadas — a pedido do Imperador Dom Pedro II – para avaliar a transferência da capital para o Planalto Central. Ideia esta que já constava da primeira constituição do país, promulgada em 1.891.
A segunda mostra fala sobre a formação do Lago Paranoá, chamado por Juscelino Kubistchek de “a moldura líquida da cidade”. De acordo com a arquivista Patrícia Garcês, uma das arquivistas responsáveis pela exposição, é através desta coletânea que os internautas irão descobrir, entre outras coisas, que a determinação para construção do lago já estava prevista antes mesmo do início do concurso que escolheria o projeto para a cidade. Pesquisas feitas tornam possível intuir que há milhões de anos, um lago de proporções semelhantes poderia ter existido no mesmo local.
Mas, inquieta, Patrícia foi além. Ela descobriu, junto a uma empresa especializada em mergulhos, imagens subaquáticas da extinta da Vila Amaury, ocupação de trabalhadores que foi ‘engolida” pelas águas do lago criado artificialmente, e as incluiu no projeto.
Como se vê, a paixão movem as ações deste grupo. Na terceira mostra, intitulada “Núcleos de Apoio”, uma servidora do órgão retratou de forma bastante poética, a realidade dos primeiros acampamentos, criados para abrigar os migrantes que aqui chegavam para construir, em apenas três anos e meio, a “Cidade Mais Moderna do Mundo”! Três personagens ficcionais foram criados para ilustrar as transcrições reais de cartas e depoimentos orais que fazem parte do acervo da instituição. É através dos olhares dos trabalhadores e suas famílias, que podemos materializar a esperança que eles trazem consigo.
Com o intrigante peso e leveza desta história. E também é apaixonante poder resgatar a saga de mulheres guerreiras que serviram de sustentação para este sonho tão audacioso!”, conclui Anna Paula Sales, Diretoria de Tratamento e Preservação do órgão.
Agora, se você acha que conhece o bastante sobre Brasília, invista um pouco mais do seu tempo para conhecer a exposição “Praça do Cruzeiro, a praça que tudo testemunhou”. Graças ao trabalho minucioso e sempre atento do historiador Elias Manoel da Silva – servidor da instituição há mais de 16 anos – uma série de 31 eventos foram primeira vez conectados ao local. A praça abrigou, entre inúmeros acontecimentos, a primeira transmissão radiofônica de Brasília e até a primeira reunião de índios Carajás.
Você já ouviu falar do Setor de Residências Econômicas Sul, que também já foi chamado de “Gavião”? Acredite, estes são os nomes originais do Cruzeiro.
O historiador do Arquivo resume os sentimentos que estas pesquisas especiais provocaram nele: “é motivo de muito orgulho e encanto para mim, estando à frente das pesquisas do ArPDF por tanto tempo, constatar os inesgotáveis descobrimentos que este acervo nos proporciona!”.
Já o chefe da Unidade de Tecnologia da Informação, Thyago Lima Aguiar, se diz muito feliz pela possibilidade de as exposições serem inclusivas. “Nossos acervos são públicos, mas muitas pessoas não tinham como acessá-los. Ter a possibilidade de disponibilizar este material transcrito, é a quebra de uma primeira barreira! É tornar possível para cada vez mais pessoas conhecer, compartilhar e se orgulhar da nossa história!”, conclui.
A quinta e última exposição coloca um ponto final sobre a polêmica de onde Lúcio Costa fincou a primeira estaca, que serviria de referência para a construção de nossa bela cidade. Praça do Cruzeiro, Pedra Fundamental ou Plano Piloto? Descubra em: “Estaca Zero, onde tudo Começou”.
Reconhecimento internacional
Segundo o Superintendente do ArPDF, Adalberto Scigliano, o convite do Google reafirma um merecido reconhecimento que a comunidade internacional de Arte, História e Cultura, já vinha demonstrando pela instituição. “Nos traz muito orgulho saber que a seriedade de nosso trabalho – e de nosso papel como guardiões da história de Brasília – vem sendo cada vez mais reconhecida por organizações internacionais como Google, Unesco, além de outras instituições arquivísticas e acadêmicas internacionais.
“É importante dizer que a preservação e divulgação de importantes acervos -para o Brasil e para o mundo – foi o que nos tornou uma referência para pesquisadores, historiadores, arquitetos e profissionais das mais diversas áreas, além de estudantes e aficionados. Por isso, o ArPDF perseguirá, incansavelmente, com o cumprimento de sua missão institucional: A transformação digital, a preservação e a difusão de seu acervo, garantindo ainda mais segurança e longevidade ao acervo físico. Com a nova digitalização, reindexação e criação de novos espaços para armazenamento de dados, nossos usuários passarão a usufruir de pesquisas mais rápidas, abrangentes, seguras e precisas.
A partir desta data, parte da história de Brasília sai dos nossos arquivos para os lares mais longínquos do mundo, e para os olhos daqueles que estão conectados pela rede mundial”, orgulha-se o dirigente.
E aí, ficou curioso? Então acesse a plataforma Arts & Culture, do Google, e veja como foi a aventura da construção de Brasília pelos olhos do ArPDF.
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